IMAGEM (ICMBio/Reprodução/Divulgação ): Minuta do projeto prevê passarela entre os dois lados do cânion Itaimbezinho
Após decisão judicial, está mantida para esta terça-feira, 15 de dezembro, a abertura de propostas para direito de concessão dos parques nacionais de Aparados da Serra e Serra Geral, que ficam entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Com previsão de investimentos na ordem de milhões de reais, a expectativa é de que o impacto ao turismo regional será bastante significante.
É com grande expectativa que órgãos, empreendimentos e profissionais da cadeia turística regional aguardam a abertura das propostas que vão apresentar os interessados em administrar os parques nacionais de Aparados da Serra e Serra Geral pelos próximos 30 anos. A abertura dos envelopes das empresas concorrentes à concessão devem acontecer nesta terça, dia 15, segundo divulgou a Advocacia Geral da União (AGU) e Ministério do Meio Ambiente (MMA) na última semana.
Novo modelo de concessão
A concessão à iniciativa privada deve iniciar já em janeiro de 2021 e prevê a abertura de novas trilhas, construção de banheiros e locais de alimentação.
Este novo modelo de concessão objetiva revitalizar e modernizar a estrutura dos parques, gerenciar e fortalecer a conservação, além de liberdade para criar novas atrações. O terá o direito de investir e desenvolver a área do parque por 30 anos, aprimorando a experiência turística e respeitando as normas ambientais específicas.
Juntos, os parque abrangem uma área de 30.400 hectares.
Obrigações
O edital estabelece importantes obrigações para os investidores. Manutenção de brigada de incêndio, monitoramento ambiental e manejo de espécies, programa de voluntariado e, integração com o entorno com sensibilização ambiental são as principais. Serviços de manutenção, limpeza, segurança dos visitantes, estacionamento, transporte interno, brigada de incêndio, acessibilidade e, sistema interno de comunicação e monitoramento são serviços determinados como essenciais.
Preocupações locais
Mesmo parecendo altamente favorável, alguns profissionais ligados ao turismo que atuam junto aos parques demonstram preocupação com o futuro, no que se refere ao meio ambiente e ao desenvolvimento regional. “Não sou contra a privatização dos parques quando desenvolve os municípios e também as pessoas que fazem parte do contexto local, mas mantenho reservas quando a empresa vem administrar, ganha e leva os lucros embora, que é o que parece que vai acontecer”, explica Luiz Fernando Soares, técnico em Turismo e guia local.
A preocupação de Luiz Fernando é de que aconteça aqui o que já se viu em outros parques privatizados, onde são priorizados gestores de regiões centrais do país, como o Sudeste, enquanto os profissionais locais são deixados de lado. Outro ponto que também traz grandes preocupações é o prejuízo ao meio ambiente. “Para que os investidores tenham o retorno de seu investimento, deve se aumentar significativamente o número de visitantes, o que pode trazer grandes prejuízos às espécies dos parques”, salienta o guia, que descreve prontos negativos e pontos positivos na concessão dos parques. “Se houver, realmente, fiscalização por parte dos órgãos ambientais, de visitantes e da própria população do entorno, todos vão se beneficiar. Mas, na minha opinião, essa será uma preocupação.”