Pode parecer esquisito, já que na maioria das vezes buscamos um conceito para a palavra Liderança. Contudo, liderança se faz, fazendo. Um dos temas mais procurados por profissionais que desejam ascender a sua carreira profissional, o tema “Liderança” é cheio de afirmações óbvias, e por outro lado recheada de sutilezas que só sabem quem existem, quem realmente exerce a função na prática.
Você observou como a pandemia mudou o conceito e a maneira de viver? Percebeu que muitas coisas que você valorizava, agora já não valoriza mais? Ou seja, as suas prioridades mudaram. Esta transformação aconteceu em, praticamente, todas as áreas da nossa vida. A forma de liderar também mudou. Líder que manda e é obedecido está fora do jogo. O jargão “manda quem pode, obedece quem tem juízo.”, foi excluído para sempre da vida real das organizações. Os livros sempre afirmaram o padrão ideal de líder: aquele que inspira, que ensina e que traz à tona o melhor do seu liderado. Lindo ler. Mas no dia a dia, isto era apenas teoria. Na prática, os líderes costumam ser autoritários, coercivos e seu cargo, muitas vezes, é apenas formal. Ele não lidera, ordena. O famoso chefe.
Uma mulher negra negou-se a ceder seu lugar num ônibus para um branco e por esta atitude foi presa. Ela se chamava Rosa Parks e jamais imaginou que este ato transformaria a vida de muitos outros negros que sofriam preconceitos pela sua cor. Martin Luther King foi o Líder ativista que se tornou exemplo de como se conduz pessoas a seguir o ideal que eles pregam. Sua frase mais famosa: “I have a dream.” – “Eu tenho um sonho.” Estabeleceu uma divisão no racismo.
Ele foi condenado à prisão perpétua. Ficou 27 anos no cárcere na Ilha de Robben, numa cela de 2,40 X 2,00 metros. O motivo era que ele defendia a igualdade racial. Depois de liberto pelo presidente sul africano Frederik de Klerk continuou a sua luta. Em 1993, Nelson Mandela ganhou o prêmio Nobel da Paz pela luta em busca dos direitos civis e humanos no país.
Poderíamos citar diversos exemplos de líderes que se tornaram famosos pelas lutas que travaram contra um sistema imposto, uma ideia que a maioria defendia. Ao invés de trazermos um conceito sobre líder ou liderança, gostaria de convidar você a listar o que estas pessoas – estes líderes – têm em comum. Vamos lá? Um líder de verdade:
- Luta por uma causa que não beneficia a si próprio. Sua luta é pelo bem de muitas pessoas e seu desejo maior é a contribuição;
- ele se responsabiliza, assume riscos e toma a iniciativa de fazer o que precisa ser feito para que a sua meta, o seu sonho seja alcançado;
- tem foco na solução dos problemas e procura a parte que ele próprio pode agir e transformar;
- confia em si mesmo e acredita que o que está fazendo é a coisa certa a ser feita, levando em consideração bem comum;
- sabe conduzir e orientar aqueles que estão apoiando a sua causa, sendo fonte constante de apoio e inspiração;
- convence aqueles que não estão envolvidos em sua luta a mudar de ideia e comprometer-se e apoiá-lo em busca do objetivo;
- sabe ponderar, mediar conflitos e argumenta com coragem e convicção porque está convencido de que vale a pena superar as adversidades para ter sucesso na sua empreitada;
- tem caráter, integridade e é fiel aos seus valores. São incorruptíveis.
- Um líder mostra o caminho, fornece as ferramentas para abrir a trilha, fortalece o liderado mostrando que ele – o liderado – possui competências e talentos;
- incentiva a equipe a interagir e relacionar-se harmoniosamente;
- reconhece a importância de transferir responsabilidades;
- sabe utilizar das habilidades individuais em prol do time;
- conhece a importância da congruência entre falar e fazer;
- tem resiliência suficiente para ultrapassar os obstáculos.
Não se trata de ser um super herói, nem super heroína. Nem de ser perfeito. É apenas um estilo de vida. Ninguém é líder apenas num dos papéis que representa nas diversas áreas da sua vida. Um líder lidera em qualquer lugar. Faz parte do seu ser. O fundamental para conseguir esta performance é conhecer muito bem os valores que orientam a sua vida, suas prioridades, o propósito que o motiva a seguir em frente.
Então, você pode questionar por onde deve começar. Da maneira mais óbvia, embora pareça ser um mistério: de dentro para fora. Ou seja, através do autoconhecimento. Sem conhecer a si mesmo é impossível conhecer as necessidades dos outros. Liderar uma equipe exige autoliderar-se. Como consequência, a autoliderança não existe sem autorresponsabilidade. O ponto de partida é sempre em você: a sua essência, a sua autoestima, a sua autovalorização. Quando você se compreende, também é capaz de compreender o outro. Se você se respeita e considera, pode fazer o mesmo pelo outro. Se conhece o que importa para você pode tomar decisões acertadas já que sabe onde deseja chegar.
Parece difícil, não é? E, é. Contudo, se você acredita no que faz, sabe que isto faz uma grande diferença para a vida das pessoas, se torna tão gostoso. Você passa a exercer a sua influência de maneira transparente, espontânea e autêntica. Quando as pessoas ao seu redor percebem que você é verdadeiro em seu desejo de contribuir elas seguem e apoiam você.